Vivi Ximenes abre as portas de sua casa na roça e revela sua conexão com a natureza e a arte

Foi naquele sonhado respiro pandêmico, em meados de 2021, que conheci a artista plástica Vivi Ximenes e seu refúgio na roça.

Lembro-me como se fosse hoje: um casal de amigos havia alugado uma de suas casas na Mantiqueira para passarmos o feriado e comentaram com a dona que seria aniversário da minha filha, na época completando 8 anos. Depois de instalados e ainda maravilhados com aquela natueza toda, chega Vivi muito bem acompanhada de sua família linda e, nas mãos, um bolo, balões e todo seu super astral pra gente então celebrar. Em pouquíssimo tempo já estávamos conectadas. Foi admiração à primeira vista :)

Vivi é uma artista plástica talentosíssima e dona de um dos maiores corações que eu já conheci!

Com um olhar inquieto e curioso, seu universo transita entre a pintura, a moda e as narrativas visuais, sempre guiado pela experimentação e pela conexão com o cotidiano. Formada em Jornalismo e Artes Cênicas, sua trajetória artística começou em 2005, quando estudou em Londres. Foram também 18 anos no universo da moda, sendo uma das fundadoras do Prédio das Heras, em São Paulo.

"Minha passagem pelo teatro trouxe um gestual dinâmico para a pintura, enquanto a moda me ensinou sobre materialidade e como o corpo interage com texturas e superfícies", conta Vivi. Entre suas referências, nomes como Janaina Tschäpe, Willem de Kooning e Joan Mitchell aparecem como influências fundamentais em sua exploração da abstração.

Seu processo criativo é visceral e tem na natureza uma grande fonte de inspiração. "Observar as transformações ao meu redor, seja na cidade ou no campo, nutre meu processo", explica. Esse olhar atento se reflete em sua paleta, onde tons terrosos e neutros predominam, pontuados por azuis e verdes vibrantes que remetem às paisagens que a cercam. “Também gosto de inserir pontos de cor potentes para criar contrastes e movimento”, completa.

Sobre a Roça Grossa

Vivi é casada com GG Mattar (cozinheiro de mão cheíssima) e eles amam receber os amigos em volta de uma boa mesa, enquadrada pela incrível vista para a Mantiqueira. O projeto e a construção da Roça Grossa - nome dado a toda sua propriedade que inclui cabanas e casas ao redor disponíveis para locação no Airbnb - foi toda pensada por eles. “GG e eu fomos aos poucos dando vida às nossas ideias e criando espaços que sejam acolhedores para nós, para a nossa família e amigos. Gostamos de colecionar peças que fazem parte da história de nossas famílias e usá-las em cada cantinho, para lembrar sempre que onde vivemos é também um santuário de boas recordações”, comenta Vivi com seu sorrisão lindo no rosto.

Todas as casas da roça têm as paredes externas pintadas com tinta terrosa e janelas e portas em um tom azul-esverdeado que remete à brisa da montanha, uma sensação refrescante, parecida com as folhas novas de uma árvore. Muita madeira de demolição e detalhes rústicos, misturados a móveis e objetos garimpados na família e em viagens. Também não poderiam faltar o fogão à lenha e um bom fogo de chão, para ver o espetáculo do pôr do sol da Serra.

A roça teve um papel transformador em sua arte. "Morei um ano e meio na Serra da Mantiqueira e essa experiência mudou minha relação com o silêncio, o ritmo natural das coisas e as pequenas transformações diárias. Hoje, meu ateliê lá funciona quase como um laboratório", revela. Caminhadas sem pressa, a luz do dia ditando o ritmo do trabalho e a presença constante da natureza fazem parte de sua rotina artística.

Arte, projetos e o Ateliê Casa Um

A arte da Vivi transita por diferentes materiais e técnicas. "Uso acrílica, óleo, carvão, giz de cera, colagem e monotipia. Gosto da liberdade de experimentar e deixar que o material guie parte do processo", diz. Essa abordagem intuitiva levou à criação da série "Chão de Fábrica", onde os respingos acumulados no chão do ateliê se transformaram em uma nova forma de expressão.

Além do trabalho solo, Vivi também valoriza colaborações, seja por meio do diálogo ou da experimentação de abordagens diferentes. Ela faz parte do coletivo Clã Destinos, onde as trocas criativas são constantes, o que enriquece sua pesquisa e amplia seus horizontes.

 Animadíssima, conta do seu novo projeto: o Ateliê Casa Um - espaço de trocas e muito aprendizado para artistas e para quem se interessa por arte.

Para os próximos meses, Vivi traz mais novidades: "Estou desenvolvendo uma nova série que explora a relação entre memória e paisagem, além de tudo o que estou programando para o lançamento oficial do Ateliê Casa Um. Quero que seja um espaço de trocas e muito aprendizado."

Sobre o futuro da arte contemporânea, Vivi acredita que os limites continuarão se expandindo, tanto em relação aos materiais quanto às formas de interação. "Vejo um movimento crescente em direção à interdisciplinaridade, à fusão entre o digital e o físico e à valorização de processos mais orgânicos e experimentais."

E como suas obras dialogam com os espaços? "Minha pintura cria pausas visuais, pequenos respiros no cotidiano, trazendo acolhimento e contemplação", diz. Um exemplo dessa conexão aconteceu quando uma cliente adquiriu suas obras "Paisagem Verde" e "Água Santa" para a casa de praia, que havia sido atingida por fortes chuvas. "Ela sentia que aquelas pinturas traziam um lembrete poderoso sobre a força da natureza."

Pausar para se reconectar

Nos momentos de pausa, Vivi tem buscado algo cada vez mais raro: o silêncio. "Tenho me permitido momentos de introspecção, longe de filmes e séries. Estou lendo um livro sobre Joan Mitchell, mergulhando na trajetória dessa artista que tanto me inspira."

Seus lugares favoritos refletem sua essência. Em São Paulo, adora caminhar pelos Jardins, seu bairro. No mundo, seu refúgio está no seu ateliê na Serra da Mantiqueira, onde a conexão com a natureza e o ritmo mais lento são essenciais para seu processo criativo.

Com um olhar sensível e uma abordagem artística plural, Vivi Ximenes segue construindo narrativas que despertam emoções e transportam o espectador para um universo onde a arte e a vida se entrelaçam de forma poética. Sou muito fã do trabalho da Vivi e tenho um xodó enorme pela obra “Sobre as Árvores”, que tenho na minha sala para lembrar de trazer sempre a conexão da natureza comigo.

Se você também gosta de muita natureza, ar puro e busca desconectar, as casas da Vivi na Roça Grossa estão disponíveis para locação no Airbnb. É só falar que leu tudo aqui no Mag. que ela te dá um super descontinho :)

Seguem os links:

Cabana Pinot:
https://www.airbnb.com/rooms/53754712?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAaY4fp1uDJmpYRxOI03P48O3f5pn5xTxsM1o_LFRK6bM5fP63ti-Zdcoa7A_aem_I9vK3qNEWstacmZzWYPXmQ&source_impression_id=p3_1739803701_P3mmK8sMB8p3Cui0

Casa Toscana:
https://www.airbnb.com/rooms/49115748?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAaaIy8AAxVqJCbdXne1ITrOWGEqPdc0VD1n-FXfe7JfCWxVWZH4nWmpFh_I_aem_o7WI4t3CZz-JMMcdkBxk2g&source_impression_id=p3_1739803700_P3ot4MxQ660Pdhr9

@arocagrossa

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