Vamos começar do começo...
Já faz um tempo que a vontade de voltar a escrever está aqui, tagarelando no meu ouvido. Para quem não sabe, sou publicitária de formação, com passagem – desde os meus 17 anos - por grandes agências do mercado, mas, meu Sol em gêmeos, sempre me trouxe uma capacidade múltipla de aprender coisas novas e de circular com a movimentação que acontecesse ao meu redor. Resumindo, já fiz de tudo um pouco, de um pouco, muito; sempre trabalhando com comunicação e com coisas bonitas.
Eu era redatora publicitária, mas sempre dava um jeito de encaixar outra coisa na minha história. Teve a fase de decoração de festinhas infantis, totalmente handmade. Teve a fase de organização de casamentos; de escritora da coluna “Receber com Charme” da Revista Casa e Jardim; de blogueira Color Party; relações públicas de 3 agências ao mesmo tempo; design de interiores para as agências que eu trabalhava, organizadora de eventos, com direito a shows em que eu podia subir no palco e me acabar de dançar. E aí virei mãe.
Só essas últimas 4 palavrinhas “e aí virei mãe” já renderiam uns 10 posts, mas esse é o gancho pra dizer que meu foco mudou. Parei toda minha vida profissional para me dedicar a um serzinho de 43cm, cheia de bochechas e personalidade forte. Da vida sem horários, passei a contabilizar minutos de sonecas. Desejar noites bem dormidas e banho quente, sem interrupção. Foi fácil? Não! Me arrependo? Nem um pouco.
Como aqui habita uma geminiana com urgência em conhecimento e em trocar com os outros, de repente me vi frequentando pracinhas, parquinhos, contação de histórias infantis. Tudo que eu precisava era um motivo pra sair de casa. Amaaaava ir à farmácias (acho que por isso minha filha sempre inventa motivo para entrar em uma...). Botava a (outra) geminianinha no carrinho e bora lá ver o que tem de novo nas vitrines, museus, exposições, sorveterias, livarias, lojas e lojinhas. O bom de morar do lado da Avenida Paulista é esse. Tudo acontece por ali.
O tempo foi passando e eu precisava colocar toda essa vivência do mercado infantil pra jogo. Foi quando comecei a desenhar uma loja de artigos de decoração para quarto de crianças, cheio de inspirações nórdicas e minimalistas – coisa que na época eram raras para esse tipo de público.
Coloquei a pequena na escola e, enquanto fazia a adaptação dela, me dividia com a família para acompanhar meu pai que estava internado no hospital com uma doença silenciosa e grave.
Em um mês ele se foi. Ela se adaptou super bem na escola e o pensamento era: e agora?
Os planos da loja foram ganhando forma, mas criança pequena na escolinha é 1 dia na escola e 4 dias em casa, no antibiótico, com alguma virose ou “ite” da vida. Eu planejava a semana de um jeito e ela acontecia completamente diferente. Saudades zero dessa fase.
Mas foi passando. Ela foi ficando mais resistente e eu também. Entrei para um curso de cerâmica (após meses em fila de espera) e foi cômico. Na primeira aula eu quis sair correndo – e chorando. A professora era brava e o negócio era difícil demais pra quem queria relaxar e curtir algumas horas de vida de adulto. Amassar o barro por si só já me fazia querer desistir. As broncas então...
Como tenho a sexta casa do meu mapa intimamente relacionada com o trabalho, percebi que minha vida precisa girar em torno das minhas atividades. Foi aí que me dei conta de que preciso estar ocupada com algo maior para que eu me sinta plenamente realizada.
E esse algo virou a Lulu & Co. Happy Homes. E depois a cerâmica engatou e virou uma paixão. E a decoração de interiores foi se reaproximando de mim, como quem diz: ei, não some, porque você entende do assunto. E fiz projetos para amigos. E para o amigo do amigo. Um curso aqui, outro ali.
Aí escutei uma voz que insistiu em dizer para comprarmos um sítio caindo aos pedaços, cheio de aranhas e tralhas, no interior de São Paulo. Se pintar de branco e trocar o piso dá pra entrar, eu dizia. De lá, na casinha branca como eu chamo, fiz meu laboratório. De ideias, inspirações e, claro, cheio de “antes e depois”, porque só pintar de branco e trocar o piso não era nada suficiente, óbvio! Lá virou nosso lugar de encontros, de mãos na terra, pés na grama e olhos pra Lua. De descanso e muito teste de comida boa.
Foi nesse processo todo que ouvi aquela voz lá do começo do texto dizendo: você precisa voltar a escrever. Compartilhar suas experiências com outras pessoas. Dividir dicas e “achados” que só você encontra, eles dizem. Mostrar lugares e momentos que enchem os olhos, nos conectam com uma beleza superior e abrem com força nosso coração.
O belo tem um valor inegociável pra mim.
Então, seja muito bem-vindo ao meu universo particular. Pega sua xícara – de cerâmica, por favor – e bora sofisticar o repertório de coisas incrivelmente bacanas.