Manifesto Hygge

Você já ouviu falar em hygge?

A palavra dinamarquesa, de pronúncia “hoo-gah" (hu-gah) — carrega em si um mundo inteiro de sensações. Não há uma tradução exata, mas já foi definido por quem o pratica como “o aconchego da alma”; “o prazer de estar cercado por coisas relaxantes” e, para mim, a melhor definição “chocolate quente à luz de velas”.

É o tipo de coisa que se sente — mais do que se explica.

O conceito nasceu na Noruega, a partir da palavra que significa bem-estar. Mas foi na Dinamarca que o hygge se transformou em estilo de vida — e, talvez, em um dos maiores segredos dos dinamarqueses para se viver bem.

Por lá, o tema é tão levado a sério, que existe até um Instituto de Pesquisa da Felicidade, laboratório de ideias focado em bem-estar, felicidade e qualidade de vida, que explora as causas e os efeitos do comportamento humano. Claro que a Dinamarca não é de longe um lugar perfeito e tem desafios e problemas como qualquer outro país, mas só de terem pessoas preocupadas em estudar e cultivar hábitos e atitudes cotidianas que nos acolhem e nos fazem bem, poxa, isso já é um grande motivo de alegria.

A felicidade mora nos detalhes

Mas, como o hygge e a felicidade estão conectados?
No Livro “Hygge, o segredo dos dinamarqueses para se viver bem” o autor Meik Wiking conta como esse lifestyle é vivido na prática.

Ele explica que, na Dinamarca, o lar é o verdadeiro centro da vida social. Nada de eventos grandiosos ou restaurantes sofisticados — os encontros mais significativos acontecem em casa, entre velas acesas, mantas no sofá e risadas entre amigos íntimos.

Aliás, velas são quase que uma instituição nacional: estima-se que cada dinamarquês queime cerca de seis quilos de parafina por ano. Porque sim, se não há velas…não há hygge.

Mas engana-se quem pensa que o conceito se limita à decoração. O hygge é uma atitude. É estar presente. É permitir-se uma pausa.

Aproveitar a companhia silenciosa umas das outras; aconchegar-se em um cantinho favorito da casa, com roupas confortáveis e comidinhas gostosas…admirar a vista. A arte do hygge é, portanto, a arte de expandir sua zona de conforto para incluir outras pessoas.

“O hygge gira em torno de sermos gentis conosco e de permitirmos nos dar uma folga das exigências do dia a dia”, conta Meik. “Doces são “hyggelig”…bolo, café e chocolate quente também. Cenouras, nem tanto.”, completa.

Ele está nas roupas confortáveis (até mesmo as meias grossas de lã sem glamour), nos momentos sem pressa, no silêncio compartilhado. É o rústico em vez do novo, o simples em vez do cheio de frescura. Um convite para desacelerar — sem culpa — e saborear a vida em seus detalhes mais simples.

Até aqui já deu para entender que hygge se trata de apreciar os prazeres simples da vida, que, infelizmente estamos deixando de lado. “O hygge é uma clima, não é algo que se compre.”, resume Meik, em seu livro.

Que tal aprender a deixar sua casa mais hyggelig?
Aqui vai uma lista de 10 práticas que Meik recomenda:

1. Ter um hyggekrog (não tente pronunciar, rs)
Um “cantinho” dentro de casa, para se aconchegar num cobertor, com um livro e uma xícara de chá ou café.

2. Uma lareira
Sentar para descansar e sentir o estalar do fogo e o calor e aconchego de uma lareira são prazeres totalmente hygge.

3. Velas
Se não há velas, não há hygge.

4. Coisas de Madeira
Objetos, pisos, brinquedos, móveis. A madeira nos dá a sensação de estarmos próximos à natureza, ao simples e natural. Assim como o conceito hygge.

5. Natureza
Madeira não é suficiente. Os dinamarqueses sentem a necessidade de trazer a floresta inteira para dentro de casa. Plantas, flores, galhos, pinhas , pelegos. Um pequeno vaso já muda a energia do ambiente.

6. Livros
Fazer uma pausa com um bom livro num cantinho da casa é a definição de hygge. Não importa o gênero – do romance ao de culinária, todos são bem-vindos nas prateleiras.

7. Cerâmica
Seja um vaso, um prato ou aquela caneca favorita que você sempre usa – tudo de cerâmica é hyggelig.

8. Texturas
Como talvez você já tenha percebido, uma decoração hyggelig não envolve apenas a aparência, mas também a sensação ao tocar as coisas. Passar a mão em uma mesa de madeira, segurar uma xícara de cerâmica ou sentar em uma cadeira com um pelego transmite uma sensação muito diferente de estar em contato com objetos feitos de aço, vidro ou plástico. Pense nisso na hora de escolher texturas para sua casa.

9. Vintage
O aspecto vintage é muito importante nos lares dinamarqueses e isso só é possível naquele super garimpo em antiquários. Luminárias, mesas e cadeiras antigas são muito hyggelige. O importante é misturar móveis e acessórios de design clean com peças garimpadas que contém histórias e que tenham um passado e um valor afetivo.

10. Almofadas e Mantas
Ambos são essenciais ao hygge de qualquer lar, especialmente durante os meses frios de inverno. Grandes ou pequenas, almofadas também são importantes para o hygge. Existe algo melhor do que apoiar a cabeça numa almofada enquanto você lê seu livro?

A esta altura, você pode estar pensando que o hygge parece girar em torno de comidas reconfortantes e cobertores que passam a sensação de segurança. “E talvez seja isso mesmo”, diz Meik. "O hygge se trata de dar uma folga para sua versão adulta, responsável e estressada, que deseja crescer na vida.

Relaxe. Só um pouquinho. A ideia é vivenciar a felicidade nos prazeres simples — e saber que tudo ficará bem", conclui Meik.

E você, o que achou?
Bora colocar em prática essa filosofia por aqui também?

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